Esta Faca
"Esta faca
foi roubada no Savóia"
"Esta colher
foi roubada no Savóia"
"Este garfo..."
Nada foi roubado no Savóia.
Nem tua virgindade: restou quase perfeita
entre manchas de vinho (era vinho?) na toalha,
talvez no chão, talvez no teu vestido.
O reservado de paredes finas
Forradas de ouvidos
e de línguas
era antes prisão que mal cabia
um desejo, dois corpos.
O amor falava baixo. Os gestos
falavam baixo. Falavam baixíssimo
os copos, os talheres. Tua pele
entre cristais luzia branca.
A penugem rala
na gruta rósea
era quase silêncio.
Saíamos alucinados.
No Savóia nada foi roubada.
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